sexta-feira, 7 de maio de 2010

O pedigrée de Alexandre Santos (PMDB)

Máfia loteava delegacias no Rio
Irmão do deputado Alexandre Santos aponta em conversa gravada que parte da propina recolhida pelos policiais rodoviários que participavam do esquema ia para cofres de partidos e de padrinhos políticos
Amaury Ribeiro JR.
Da equipe do Correio Braziliense - 9 de julho de 2006

Rio — As escutas telefônicas mostram que, sob o comando de policiais inescrupulosos ligados à máfia dos combustíveis, as delegacias da Polícia Rodoviária Federal foram loteadas para atender aos interesses de um grupo de deputados federais do Rio. Coincidentemente, a maioria dos parlamentares citados na fita está sendo investigada pela CPI dos Sanguessugas sob acusação de participar da venda superfaturada de ambulâncias, por meio de emendas parlamentares.

Apontado ao Correio, pelos policiais rodoviários, como uma espécie de xerife sem estrela das delegacias da Ponte Rio-Niterói e Rio Bonito (RJ), Mauro Santos, irmão do deputado Alexandre Santos (PMDB-RJ), revela numa gravação que cada uma das delegacias loteadas era obrigada a repassar mensalmente uma taxa da propina à superintendência do órgão público.

As fitas indicam que toda a bolada arrecadada tinha como destino final os cofres de partidos e de padrinhos políticos dos policiais rodoviários federais. No diálogo, Mauro discute com o inspetor Manoel Rosa Salgado, ex-chefe da Delegacia da Ponte Rio-Niterói, a sucessão do superintendente Francisco Carlos da Silva, o Chico Preto, demitido e preso durante a Operação Poeira no Asfalto sob a acusação de chefiar a máfia dos combustíveis.

Segundo Mauro, o sucessor indicado pelo PT, cotado para substituir Chico Preto no cargo (o nome dele não é divulgado), exigia uma propina de R$ 20 mil por mês de cada delegacia. “Ainda não acertei com ele, mas estão falando de R$ 20 mil por delegacia”, responde Mauro com a convicção de quem manda na delegacia, ao ser perguntado por Salgado(chefe do posto), qual era o valor da propina. Numa outra ligação, o próprio Chico Preto, após assistir a uma reportagem na televisão sobre a máfia dos combustíveis, telefona para Mauro, solicitando ajuda do deputado para tentar segurá-lo no cargo. “Tem de segurar aí por cima”, disse.
Apesar de ser apadrinhado pelo deputado Alexandre Santos, Chico Preto, segundo as fitas, estava sempre pronto a tratar de negócios com outros deputados.

O deputado Alexandre Santos(PMDB-RJ) negou que as delegacias da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal do Rio estavam loteadas.
O deputado confirmou que já se reuniu com o ex-superintendente da Polícia Rodoviária Francisco Carlos da Silva, o Chico Preto.

Mas, de acordo com Santos, foi para tratar de assuntos gerais. O deputado também negou que seu irmão, Mauro Santos, comandava o esquema de corrupção dentro da polícia.
“O Mauro, pelo o que eu sei, é dentista e não tem nada a ver com isso. Agora, ele pode ter usado o meu nome”, disse o deputado.

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